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Energia, dinheiro e negociações sobre a forma climática sobre a barragem gigante

Quando o novo presidente do Paraguai, Santiago Peña, assumiu o cargo em 2023, outro marco estava sendo alcançado na fronteira oriental do país com o Brasil. O acordo bilateral que criou a gigantesca barragem de Itaipu – a terceira maior central hidroeléctrica do mundo, partilhada pelos dois países – atingiu o seu 50º aniversário, desencadeando uma renegociação dos seus termos.

Este prazo, acordado com o Brasil há meio século, pode ter chegado num momento oportuno para o país: melhorar os seus termos e o acesso à energia renovável da barragem “poderia ser uma chave mágica para a transição energética do Paraguai”, diz Guillermo Achucarro, um Pesquisador paraguaio de política climática.

Do outro lado da fronteira, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, está de volta, regressando ao cargo em 2023 pela terceira vez, 12 anos após o seu último mandato. Foi no governo anterior de Lula, em 2009, que se chegou a um acordo histórico para triplicar o valor que o Brasil paga ao Paraguai pela energia de Itaipu.

Nos termos do tratado original, o Paraguai vendeu grande parte da energia a que tinha direito – metade da produção da barragem – ao Brasil a um preço preferencial. O acordo é controverso no Paraguai, pois, até hoje, o país ainda deve ceder ao Brasil toda a energia que não utiliza internamente.

Vários factores ameaçaram as perspectivas da renegociação, incluindo divergências sobre o preço da energia da barragem, as pressões das alterações climáticas – que provavelmente terão impacto na produção futura – e uma possibilidade crescente de que o Paraguai terá de reter todos os seus direitos energéticos para si próprio. consumo.

Um ‘sonho’ nascido do conflito

O presidente do Paraguai, Peña, falou da criação de Itaipu como fruto de brasileiros e paraguaios que “ousaram sonhar”. Na prática, a história da barragem tem sido um pouco menos idílica.

O historiador latino-americano Jacob Blanc detalhou como o tratado de Itaipu de 1973 emergiu de uma divergência diplomática sobre diferentes interpretações da fronteira Brasil-Paraguai, uma vez que ela havia sido demarcada no final da Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870), na qual os dois países eram adversários. Em junho de 1965, forças da ditadura militar brasileira ocuparam a área, onde havia identificado potencial hidrelétrico uma década antes. Quatro meses depois, guardas armados detiveram uma delegação paraguaia que visitava o local, que incluía aliados do então presidente do Paraguai, o ditador Alfredo Stroessner.

O que se seguiu foi um ano de conflito diplomático regional activo, incluindo ameaças de guerra, mediado pelos EUA. Em 1966, o Paraguai e o Brasil assinaram a Lei do Iguaçu, na qual concordaram em explorar conjuntamente o potencial hidroeléctrico da área. O tratado de 1973 declarou posteriormente Itaipu uma “entidade binacional”. O território disputado seria represado e inundado, resolvendo formalmente o conflito.

O tratado forjou uma “divisão equitativa de energia e administração”, observa Tomaz Espósito Neto, estudioso das relações Brasil-Paraguai. Mas também criou controvérsia: embora o Paraguai tenha assumido a sua parte nos custos de construção da barragem, a falta de infra-estruturas hidroeléctricas do país na altura levou ao seu acordo em ceder ao Brasil qualquer energia não utilizada do seu direito a 50 por cento da produção da barragem.

Em 1975, quando o projecto foi iniciado, o Brasil e o Paraguai assumiram juntos dívidas de pouco mais de 3,5 mil milhões de dólares, incluindo empréstimos através da empresa estatal brasileira Eletrobras. Analistas independentes estimam que esta dívida tenha crescido para 79 mil milhões de dólares quando foi totalmente liquidada em 2023: o número disparou entre acusações de sobrefacturação para a construção e o refinanciamento de empréstimos iniciais com o Brasil.

Além disso, os bancos credores aumentaram o custo do reembolso para recuperar as perdas decorrentes de uma tarifa de energia abaixo do custo utilizada entre 1985 e 1997, que beneficiou as indústrias brasileiras que utilizavam a maior parte da energia de Itaipu.

Algumas organizações sociais e partidos políticos no Paraguai levantaram questões sobre o que foi descrito como uma dívida “espúria”. Um relatório de 2013 supervisionado pelo Centro Columbia sobre Investimento Sustentável, com sede nos EUA, também concluiu que o Paraguai já tinha de facto pago o seu…



Com informações de Brazilian Report.

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