Bronzear-se é apenas para VIPs
O Brasil é um país lindo, para dizer o mínimo.
Com sua vasta biodiversidade e diversos ecossistemas, a maior nação da América Latina é um bom lugar para começar uma jornada natural, desde praias paradisíacas até cachoeiras impressionantes, desde planícies rurais até misteriosas florestas tropicais.
Mas o Brasil também é muito desigual em todos os níveis, especialmente em termos económicos. E mesmo os espaços públicos podem ser inseridos nesta dinâmica excludente, pela qual quem tem menos não consegue sequer circular onde só os ricos podem.
O último alvo desta feroz lógica capitalista são as praias brasileiras. Nos últimos dias de maio, o Senado brasileiro realizou uma audiência para debater um projeto de lei que permitiria ao governo conceder o controle sobre terras costeiras a estados, municípios ou interesses privados.
A polêmica proposta utiliza o termo “terras marinhas” para descrever as áreas que poderiam ser transferidas a esses participantes. E de acordo com esse termo, tudo o que está localizado ao longo das faixas costeiras, como as praias, mas também os biomas ameaçados, poderá em breve estar sob uma nova e descuidada administração.
Não é de surpreender que especialistas ambientais acusem o projeto de ameaçar potencialmente a rica biodiversidade marinha do Brasil, já que o projeto de lei em si não leva em consideração as preocupações ambientais.
A ideia também vai contra o que está previsto constitucionalmente no Brasil, país em que locais como as praias são de propriedade do Estado e podem ser utilizados por todos cidadãos. Mas é sintomático de uma mudança de perspectiva que começou sob a administração empresarial de Jair Bolsonaro – cujo czar económico, Paulo Guedes, certa vez descreveu a venda de faixas costeiras como um plano de aumento de investimento.
E caso isso aconteça, os cartões postais ensolarados do Brasil se tornariam uma mera miragem para algumas pessoas…
Confira a criação deste cartoon na conta TikTok do The Brazilian Report (@brazilianreport).
Com informações de Brazilian Report.