Aumento da doença do greening deixa produtores de laranja brasileiros em alerta
Dados do Fundo de Defesa dos Produtores de Cítricos (Fundecitrus) mostram um aumento de 56% na presença da doença do greening no cinturão citrícola do Brasil – que abrange os estados de São Paulo e Minas Gerais.
A incidência da doença greening aumentou em cada um dos últimos seis anos, saltando de 24 por cento em 2022 para 38 por cento este ano. Foi o maior aumento percentual desde 2008.
O Brasil reserva cerca de 800 mil hectares para plantações de laranja, sendo a maior fruticultura do país. O país foi responsável por 38 por cento das exportações de suco de laranja em 2021, segundo o Observatório de Complexidade Econômica.
Uma das principais causas da propagação do greening, segundo o Fundecitrus, tem sido a prática de manter árvores doentes em pomares comerciais, especialmente em produção, com controle insuficiente dos insetos que se alimentam de plantas — o greening tornou-se cada vez mais resistente aos pesticidas .
Outros fatores contribuíram para a propagação. Nos 12 meses até julho de 2023, o estado de São Paulo registrou 24% mais chuvas do que o normal. Com isso, as temperaturas ficaram mais amenas, o que favoreceu a brotação das árvores. O inseto se alimenta justamente dos brotos.
A irrigação, que passou de 5% dos pomares para 35% da área cultivada, também favorece a brotação.
A doença do greening teve efeitos devastadores na Florida, onde a indústria dos citrinos regista os níveis de produção mais baixos desde 1936 – com causas para a recessão que vão desde doenças até à última temporada de furacões.
O Fundecitrus projecta que a colheita de laranja 2023-2024 será 1,55 por cento inferior à do ciclo anterior, que totalizou 314,21 milhões de caixas. “Em comparação com o volume médio produzido na última década, a safra atual apresenta um ligeiro aumento de 1,04%”, afirma a entidade.