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Governo Bolsonaro espionou 1.800 opositores

Os federais identificaram mais de 30.000 casos de uso ilegal do FirstMile, um software israelense que rastreia dados de geolocalização de celulares. Adquirido em 2018 pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi utilizado para monitorar pelo menos 1,8 mil opositores ao governo Jair Bolsonaro, como políticos, jornalistas e advogados. Os nomes das vítimas ainda não foram revelados.

Dois funcionários da Abin foram presos, cinco foram temporariamente afastados do cargo e US$ 171.800 em dinheiro foram apreendidos na casa de um dos altos funcionários da Abin na sexta-feira.

Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em cinco estados brasileiros. Com a operação, um dos prédios da Abin em Brasília foi lacrado enquanto os Federais revistavam todos os cômodos em busca de provas. Os agentes presos estavam em licença disciplinar e usaram informações coletadas por meio do FirstMile para chantagear outros funcionários e evitar serem demitidos.

Outro alvo da operação é Caio Cruz, filho de um ex-membro do gabinete original de Bolsonaro, Carlos Alberto Santos Cruz. Ele era o representante brasileiro da Cognyte, empresa israelense que fabricava a ferramenta de espionagem.

O sistema foi adquirido no final de 2018, no final do governo Michel Temer. Era para ser usado durante a intervenção federal no aparato de segurança do Rio de Janeiro. Os relatórios mostram agora que grande parte do monitoramento ilegal aconteceu, de fato, em Brasília — e que mesmo seu uso no Rio de Janeiro não estava diretamente relacionado a investigações sobre o crime organizado.

O FirstMile tornou possível rastrear a localização de até 10 mil telefones a cada 12 meses. Custou R$ 5,7 milhões (US$ 1 milhão) e não foi licitado.

Durante a maior parte do mandato de Bolsonaro, a Abin foi liderada por um amigo próximo da família do ex-presidente, Alexandre Ramagem, que teria criado uma “agência paralela” para lidar com casos pessoais ou não oficiais.

A Abin produziu dois relatórios em 2019 para ajudar o senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente, a se defender de acusações de corrupção. No ano passado, um ex-agente foi designado para investigar negócios envolvendo outro filho de Bolsonaro, Jair Renan, para “evitar riscos” à imagem de seu pai.

A Abin também teria recebido ordem de investigar supostas más condutas no combate à pandemia em estados e municípios, na tentativa de desviar o foco das ações de Bolsonaro no governo federal.

A gestão Luiz Inácio Lula da Silva abriu investigações internas e começou a reestruturar o órgão. Embora tenha havido uma grande mudança desde então, os agentes queixam-se de que muitos funcionários ainda estavam intimamente ligados à administração Bolsonaro e há uma atmosfera de desconfiança na agência.

A operação de sexta-feira não fará nada para melhorar a situação.



Com informações de Brazilian Report.

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