Minha Casa Pre Fabricada

Cimeira do Clima: As empresas devem prosseguir a regeneração

Nesta segunda-feira, acontecerá em Paris o Brazil Climate Summit Europe, spin-off da conferência realizada em Nova York desde 2022. O evento terá como foco contar histórias de diferentes indústrias e empresas que construíram negócios sustentáveis ​​e prósperos no Brasil, seguindo as melhores práticas ESG disponíveis.

A Natura&Co, o grupo de beleza e cosméticos que recentemente se comprometeu com uma abordagem muito mais proativa na sua jornada ESG, será uma parte importante da conversa. Em entrevista com O Relatório Brasileiroparceira de mídia do Brazil Climate Summit Europe (BCS Europe), Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura&Co América Latina, nos deu uma prévia de alguns dos insights que ela compartilhará com o público.

O momento não poderia ser melhor, uma vez que o grupo começou a transição da sustentabilidade para a regeneração como a alma do seu negócio – ou, como disse o Fórum Económico Mundial, “da resiliência reativa para uma regeneração mais proativa”. A comunicação oficial saiu em dezembro, durante a COP28 em Dubai, mas a transformação já estava em andamento há algum tempo. Meses antes do anúncio, o grupo atualizou seu plano de sustentabilidade, elevando o nível de suas metas de descarbonização, desmatamento e diversidade.

“Estamos atualmente em transição. Sustentar o mundo tal como está não é suficiente. Mas mais importante do que ter esse sentimento de inconformismo, de ajudar as pessoas em tempos de crise, como está acontecendo agora no Rio Grande do Sul ou na seca que atingiu a região amazônica no ano passado, as empresas devem abraçar suas metas de descarbonização”, afirma Sra. . Pinhati, acrescentando que tanto as organizações públicas como as privadas precisam de avançar no sentido da regeneração. “A urgência de agir nunca esteve tão presente”, afirma, referindo-se à crescente frequência de eventos climáticos extremos.

Seguindo a estratégia de reestruturação iniciada em 2022, a empresa também está mudando seu foco do global para a América Latina. A Natura&Co vem se desinvestindo de aquisições anteriores, como é o caso da Aesop, marca australiana vendida à L’Oréal por US$ 2,53 bilhões, e da The Body Shop, rede britânica comprada pelo grupo de private equity Aurelius. Também vem estudando a melhor forma de separar as operações da Avon na América Latina da Natura e de outras operações internacionais, visando simplificar seus negócios.

O novo plano de descarbonização aprovado pela iniciativa Science Based Targets (SBTi) visa agora zerar as emissões de Âmbito 1 e 2 (provenientes da energia utilizada na produção e de todos os impactos diretos) até 2030 e reduzir as emissões de Âmbito 3 (as provenientes das cadeias de abastecimento e logística). ) em 42 por cento. Para todos os créditos de carbono necessários para neutralizar suas emissões, a Natura&Co se comprometeu a adquirir pelo menos metade de projetos de preservação e regeneração florestal na floresta amazônica, preferencialmente das comunidades onde atua. O grupo quer expandir os seus actuais 2 milhões de hectares de floresta em pé para 3 milhões de hectares no final da década.

“Um exemplo prático [of how the group is moving from sustainability to regeneration] é a maneira como estamos mudando completamente a forma como produzimos dendê óleo [palm oil] no estado do Pará. Estamos migrando da monocultura para sistemas agroflorestais, utilizando 18 espécies nativas para regenerar pastagens e outras áreas degradadas”, explica Dona Pinhati.

O projeto segue os padrões da Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO) e da União para o BioComércio Ético (UEBT). Começou há 15 anos com 18 hectares e cresceu para 182 hectares. O grupo pretende expandir a produção de dendê para 40 mil hectares até 2035 por meio de arrendamento direto de propriedades, parcerias com agricultores familiares ou financiamento para produtores que já conhecem técnicas agroflorestais e precisam de apoio financeiro. O parceiro que faz a ponte entre a Natura e os produtores é a startup Belterra Agroflorestas.

Segundo estudos realizados com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Cooperativa Agropecuária Mista Tomé-Açu (Camta), plantar dendezeiros em sistemas agroflorestais não é apenas uma forma de restaurar terras degradadas, mas é até 50% mais produtivo do que fazê-lo através da monocultura. Até 2030, o grupo espera ter 100% de dois dos principais produtos do seu negócio – óleo de palma e álcool – produzidos através de práticas regenerativas.

Outro exemplo da nova abordagem regenerativa do grupo foi a inauguração, em fevereiro, de uma fábrica de processamento de óleos essenciais em Santo Antonio de Tauá, também no Pará, em parceria com a cooperativa local Aprocamp. Desde 2003, a cooperativa fornece plantas como pataqueira, estoraque, priprioca e capitiu, entre outras, para a Natura, respondendo por cerca de 70% da matéria-prima da perfumaria da marca originária da floresta amazônica. “Com isso, eles poderão ganhar cerca de 60% a mais do que apenas vendendo as sementes”, diz Pinhati.

Unidade de processamento de óleos essenciais da Natura em Santo Antonio de Tauá. Foto de : Nature

A Natura utiliza 44 compostos bioativos da região amazônica em suas formulações e quer ampliar esse número para 55 até 2030, o que significa também aumentar o número de famílias envolvidas em comunidades agroextrativistas, atualmente mais de 10 mil. Só em 2023, o grupo investiu diretamente cerca de R$ 43 milhões (US$ 8,35 milhões) em seus projetos na região da floresta tropical.

O grupo também se comprometeu a alavancar as condições de vida das suas mais de 4 milhões de consultoras que vendem produtos Natura e Avon. “Há dez anos criamos um índice de desenvolvimento humano (IDH) com metodologia inspirada na ONU para monitorar o nível de desenvolvimento das nossas consultoras Natura em termos de educação, saúde, renda e outros aspectos, e essas métricas só têm cresceu”, diz Dona Pinhati. Em 2023, o IDH entre as consultoras Natura atingiu 0,632 por cento, um aumento de 3,6 por cento em comparação com a leitura anterior de 2020. Até 2030, o grupo quer aumentar esse valor em 10 por cento, incluindo também os mais de 2 milhões de vendedores da Avon na América Latina.

Em meio a todos os seus objetivos, a Natura&Co também encontrou uma forma de mensurar o impacto sob a perspectiva do negócio. A medição integrada de lucros e perdas (IP&L), implementada em 2022, permite ao grupo vincular seus resultados financeiros aos seus impactos ambientais, sociais e humanos. Em 2023, para cada R$ 1 de receita, o grupo afirma ter gerado um retorno líquido de R$ 2,70 em benefícios para a sociedade — no ano passado, o grupo registrou R$ 26,7 bilhões de lucro líquido, um aumento de 3,5% em relação a 2022 em moeda constante.

“Isso ajuda a dar clareza à empresa sobre onde ela precisa atacar seus problemas. E enquadra-se perfeitamente na conversa do BCS Europe, pois falaremos com investidores, que devem estar atentos a isto [metrics when making decisions]”, ressalta Dona Pinhati. Até o final da década, a Natura&Co espera que o índice de IP&L alcance R$ 1 a R$ 4.

Mais sobre a Cúpula do Clima Brasil Europa

Muito menor que o evento nos EUA, organizado pela Universidade de Columbia para mais de 500 pessoas no ano passado, a conferência europeia acontecerá na Maison de l’Amérique Latine para pouco mais de 100 convidados — a organização selecionou cuidadosamente os participantes deste primeira edição apenas para convidados do evento.

Muitas mãos estão envolvidas na organização do BCS Europe. Os seus organizadores são ex-alunos e atuais estudantes do Insead e da HEC Paris, duas das escolas de negócios mais proeminentes da Europa.

A conferência também conta com o apoio da Embaixada do Brasil na França, da Câmara de Comércio França Brasil (CCIFB), da Câmara de Comércio Brasileira na França (CCBF), da agência de promoção de exportações do Brasil ApexBrasil e do Boston Consulting Group (BCG), entre outros. parceiros estratégicos. O Relatório Brasileiro é o parceiro de mídia da iniciativa. Para mais informações sobre a programação do evento, visite o site da BCS Europe.



Com informações de Brazilian Report.

Similar Posts