Déficits de saneamento de Porto Alegre conhecidos desde 2015
As intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul e a capital Porto Alegre nas últimas semanas afetaram mais de 2 milhões de pessoas, com 147 mortes confirmadas pela defesa civil do estado. Chamamos esses eventos de calamidades, tragédias, desastres. Palavras que denotam imprevisibilidade e, juntamente com adjetivos como “natural”, “ambiental” ou “climático”, retiram a responsabilidade dos tomadores de decisão.
Mas os acontecimentos extremos que devastaram o estado eram previsíveis e os seus efeitos poderiam ter sido mitigados. Contudo, as políticas de austeridade econômica amplamente implementadas no Rio Grande do Sul nos últimos anos, caracterizadas por cortes nos investimentos em setores vitais como o saneamento básico, contribuíram para intensificar as consequências deste desastre.
Uma tragédia anunciada em Porto Alegre
Em setembro de 2023, fortes chuvas deixaram mais de 2 mil pessoas desabrigadas no Rio Grande do Sul, afetando cerca de 50 mil pessoas devido às enchentes.
Em novembro do mesmo ano, o volume de precipitação ultrapassou os 300 milímetros, impactando mais de 600 mil pessoas e quase metade dos municípios do estado. No mesmo mês, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) alertou para fortes chuvas devido ao forte fenômeno El Niño ativo na região.
Em abril de 2024, um novo boletim alertou para uma maior probabilidade de chuvas acima da média, aconselhando o monitoramento constante dos riscos para a população.
Duas semanas depois das intensas chuvas que elevaram o nível do Rio Jacuí, provocando o pior evento climático já registrado no Rio Grande do Sul, novos eventos climáticos adversos preocupam, com o aumento das enchentes no Rio Guaíba, que ultrapassou a marca dos cinco metros em capital do estado, Porto Alegre.
Na verdade, o caso da capital paulista é emblemático. Uma sucessão de falhas nos sistemas de proteção contra enchentes em Porto Alegre resultou no impacto direto do centro histórico e de dez bairros, impactando mais de…
