[SMFBR] Bolsonaro Dinheiro Joias
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

Bolsonaro recebeu dinheiro de joias “em mãos”, afirma Cid

Em um desenvolvimento chocante, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fez revelações impactantes à Polícia Federal (PF) sobre o esquema ilegal de venda de joias no exterior. Segundo informações divulgadas pela revista Veja em 15 de setembro, Cid admitiu que entregou parte do dinheiro proveniente dessas transações nas mãos do ex-presidente.

Cid confessou sua participação ativa na venda de dois valiosos relógios, um Rolex e um Patek Phillipe. O montante resultante dessas vendas ilegais teria sido depositado na conta de seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid. Bolsonaro, por sua vez, teria recebido um total de US$ 68 mil, distribuídos em duas parcelas, uma nos Estados Unidos e outra no Brasil.

As joias em questão foram originalmente entregues a Bolsonaro em função de seu cargo como presidente da República e, portanto, deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio da União. No entanto, de acordo com as investigações em curso, essas peças foram deliberadamente omitidas dos registros públicos, incorporadas ao acervo pessoal do ex-presidente e utilizadas para fins de enriquecimento ilícito. Cid alegou que, embora pudesse ter considerado a venda das joias imoral, não acreditava que fosse ilegal.

As tentativas de comercializar as joias somente cessaram depois que o jornal Estadão revelou, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um conjunto de joias, incluindo colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes, que foram presenteados pelo governo saudita ao então presidente e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

De acordo com a revista Veja, o ex-ajudante de ordens afirmou que a ideia de vender as joias surgiu como uma forma de “bancar as despesas” processuais de Bolsonaro, que estava preocupado com sua situação financeira devido a múltiplas multas às quais havia sido condenado.

É importante destacar que Cid foi libertado da prisão em 9 de setembro, após a homologação de sua delação premiada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Sua colaboração promete fornecer informações cruciais para as investigações em curso, não apenas sobre o escândalo de venda de joias, mas também sobre questões relacionadas a milícias digitais e fraudes nas carteiras de vacinação.

Durante os quatro anos em que Bolsonaro ocupou o Palácio do Planalto, Mauro Cid desempenhou o cargo de chefe da ajudância de ordens do ex-presidente, concedendo-lhe acesso irrestrito ao gabinete presidencial, ao Palácio da Alvorada e até mesmo ao quarto ocupado pelo ex-presidente em hospitais, após cirurgias.

O escândalo que envolve Cid não se limita à venda de joias, uma vez que ele também está relacionado à inserção de dados falsos de vacinação da COVID-19 no sistema do Ministério da Saúde. As investigações revelaram que Bolsonaro e seus aliados tinham conhecimento das falsificações, com o objetivo de obter vantagens indevidas relacionadas à comprovação de vacinação contra a COVID-19, durante a pandemia.

Cid também teria participado de esquemas relacionados a despesas de Michelle Bolsonaro, levantando preocupações sobre possíveis irregularidades. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) destacou movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos declarados por Cid, levantando ainda mais suspeitas sobre sua conduta. Essas revelações continuam a abalar a política brasileira e podem ter implicações significativas para as investigações em andamento.

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