Recuperação do mercado de trabalho trazida à realidade
Após um período de expansão, o mercado de trabalho em recuperação do Brasil parece ter entrado num ritmo mais normal. Segundo novos dados do Ministério do Trabalho, a economia brasileira agregou 1,48 milhão de empregos formais em 2023.
Os números são significativamente inferiores à meta do governo – que era registar pelo menos 2 milhões de novas posições – e marcam o segundo ano consecutivo de desaceleração após um aumento maciço em 2021, quando a economia começou a recuperar da recessão pandémica.
Como sempre, o setor de serviços foi o mais intensivo em mão de obra – criando 886.200 novos empregos formais líquidos, ou 60% de todos os novos cargos abertos em 2023. O setor é responsável por metade dos empregos formais do Brasil e por cerca de 70% do produto interno bruto do país. . Em seguida vêm o comércio (276.528 empregos), a construção civil (158.940), a indústria (127.145) e a agricultura (34.762).
A boa notícia é que o salário médio dos trabalhadores formais encerrou 2023 em R$ 2.026,33 (US$ 408), um aumento de R$ 40,17, ou 2%, em relação ao ano anterior.
Em entrevista coletiva esta tarde, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, destacou mais uma vez as altas taxas de juros como o maior impedimento ao crescimento do mercado de trabalho formal.
Entre março de 2021 e agosto de 2023, o Banco Central do Brasil realizou uma das medidas de aperto monetário mais agressivas do mundo, aumentando as taxas de referência de 2 para 13,75 por cento. Em reuniões recentes, o banco reduziu a taxa diretora para 11,75% e espera-se uma redução de meio ponto percentual para este ano.
Se o ritmo de criação de novos empregos continuar a cair, no entanto, poderá desacelerar o consumo das famílias, um importante motor do PIB brasileiro. Analistas do Instituto Brasileiro de Economia do think tank Fundação Getulio Vargas acreditam que os efeitos positivos da flexibilização monetária, como a redução da dívida para médias e pequenas empresas, levarão tempo para aparecer, e que 2024 provavelmente será um ano morno em termos de emprego.
