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O boxe no Brasil representa lutas fora do ringue

Saber que o esporte impulsiona a mudança social está enraizado no DNA de todo brasileiro. Isso fica ainda mais claro quando olhamos para aqueles que lutam por novas conquistas de vida dentro e fora do ringue. Segundo a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), o boxe se tornou o esporte mais bem-sucedido do país nos Jogos Olímpicos desde as Olimpíadas de Londres 2012.

Discutir boxe e seu aspecto social faz parte do cotidiano de pessoas como o ex-boxeador brasileiro Breno Macedo e sua família de Rio Claro, no estado de São Paulo. Seguindo os passos do pai Marcos Macedo, Breno abriu uma popular academia de boxe, a Boxe Autônomo, e lidera o projeto social MMBoxe.

A academia foi fundada no final de 2015 na Ocupação Leila Khaled, no centro de São Paulo, e agora está localizada na Casa do Povo, no bairro Bom Retiro da cidade. Com mensalidades acessíveis, a academia oferece um espaço para recreação esportiva para crianças e adolescentes e treinamento intensivo para aqueles que querem seguir o boxe como carreira.

Nos primeiros anos do boxe no Brasil, a maioria dos participantes eram imigrantes em busca de inclusão social. Éder Jofre, o maior boxeador da história brasileira, exemplifica isso como filho de mãe italiana e pai argentino que veio ao Brasil em busca de melhores condições de vida.

Hoje, o perfil social do esporte mudou. Mais pessoas negras, indígenas ou multirraciais e mulheres agora representam o mosaico demográfico do esporte, apesar dos preconceitos e sexismo prevalecentes.

As Olimpíadas de Londres de 2012 marcaram um ponto de partida significativo para a inclusão das mulheres no boxe, já que elas foram proibidas de praticar o esporte por décadas. Foi somente em 2001 que o boxe feminino realizou seu primeiro campeonato mundial na European Cup. A proeminência das atletas mulheres no ringue está gradualmente silenciando o sexismo que antes era visivelmente apoiado e propagado no Brasil.

Os estudos e a experiência do Sr. Macedo revelaram que o boxe está presente em todas as comunidades de baixa renda do Brasil. A ex-boxeadora Adriana Araújo ilustra claramente essa afirmação. Vinda de uma família muito pobre em Salvador, Bahia, a Sra. Araújo não podia escolher o esporte como sua única ocupação, pois não fornecia dinheiro suficiente para sobreviver. Depois de anos vendendo rifas e café em academias e trabalhando como assistente de saúde, a Sra. Araújo recebeu a Bolsa Atleta em 2009, um programa federal que fornece suporte financeiro a atletas em esportes olímpicos.

A partir daí, ela se tornou a primeira boxeadora brasileira a ganhar uma medalha olímpica nas Olimpíadas de Verão de 2012, em Londres, representando uma geração de atletas femininas que tentavam encontrar suas vozes por meio do esporte.

Breno Macedo agora trabalha como treinador esportivo e de vida em Rio Claro. Ele obteve um mestrado em história social do boxe e busca fornecer não apenas treinamento físico para novos talentos, mas também suporte social, cultural e intelectual. Ele estimula debates e rodas de leitura na academia para abordar uma questão pertinente que geralmente assola a vida de boxeadores de origens pobres: o preconceito.

Um dos frutos do projeto social liderado pelo Sr. Macedo é a peso-pena Jucielen Romeu, uma representação viva de uma atleta negra que sabe de onde vem e para onde pretende chegar, o que a torna uma promissora candidata a Paris 2024.

Sua conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023 repercutiu além do pódio. Junto com Beatriz Ferreira, Romeu é a grande esperança do Brasil para o ouro no boxe nas próximas semanas.



Com informações de Brazilian Report.

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